Atoro

É como 
toque naufragado
pele de estampa

São esperanças dissipadas
lamiré desafinado
amor nunca existido

E aquele conformismo...tão desfalecido

Pernas de rodas

Uma amizade que se preze, que se diga verdadeira, começa primeiramente enfrentando os empecilhos da vida e as coisas sórdidas sofridas no dia a dia, junto com aquele cara...Aquele cara que dá o sangue por você, abre sua geladeira sem pedir e te incentiva dizendo que sonhar sempre é preciso.
Um garoto que sonha um dia poder andar, o outro, encantado com a vida que promete (A vida permita ou não) levar seu amigo consigo para ver esse mundo de vento no rosto e a liberdade nas asas de rodas.
Um é Artur: o exemplo vivo de homem que sobreviveu a uma terrível paralisia cerebral e Rodrigo; o homem que sempre me disse... " Promessa é Dívida". Dívida meu amigo, se paga com sangue, suor e muito esforço. O céu é nosso limite e nada, nada nesse mundo é impossível.
A promessa foi feita e Rodrigo foi atrás de dar pares de pernas rotativas pro seu amigo. Lixa atrás de lixa, poeira atrás de poeira, compra a poltrona e tira as medidas. Ver a ansiedade dos dois, um de poder andar da forma como lhe foi possível, e o outro de compartilhar a maior ventura da sua vida com seu irmão, me dá forças pra seguir minhas encruzilhadas, com a mesma vontade que eles tinham de ver isso tornar-se realidade. Com suas ideias mirabolantes, Rodrigo fez o skate pro "Mimo" (apelido carinhosamente dado a Artur). Se quiser vê-los, ver essa fraternidade surreal, é só colar no Museu do Ipiranga aos fins de semana. Verás o Mimo descendo a ladeira, rasgando com seu estilo próprio ... Rodrigo, o companheiro, corre atrás direcionando-o.
Minhas palavras ? Não tenho. Apenas olhos marejados ao ver essa cena:


Quem disse meus amigos, que a liberdade de um skate não te faz voar ?

Carta ao amor maior

Se alguém, algum dia, te disser o quanto difícil é acordar sem sua presença, saiba que a falta lhe dói e corrói. Procurando o nada no meio do nada da noite. A escuridão é mais confortável quando há alguém para compartilhar.

Se alguém te disser, algum dia, que não sabe olhar para o céu e imaginar um infinito que já foi desvendado nos teus olhos, infinito que é palpável para um cego, cego que procura o paraíso...Saiba que é impossível a tez não se avermelhar e olhos não permitirem o rolar de gotas salgadas.

Se alguém te disser o quão triste é não ver um sorriso teu, saiba que é mendigar o próprio para as pessoas, porque o riso que faz sorrir é o teu e o mesmo não se faz tão presente.

Se alguém te contar o quão difícil é permanecer à distância, saiba que num assoviar, se erguerão asas para ir te encontrar. Porque não há distância que separe veias que partilham do mesmo sangue.

Se alguém te pedir perdão por exageros, saiba que não há exageros para um coração que ama, apenas ações desenfreadas...

Se alguém te disser que rompeu com o universo, fez da desventura, pequena, diante dos problemas enfrentados junto com você. Recolhe teu pranto porque não há mais motivos para tê-lo.

Se alguém te disser que na ausência, se torna insuportável o atroz vazio que invade a alma e a carne, saiba que se encherá novamente, após rever o brilho da última chama, o reaver de um toque.

Se alguém te disser que deu-lhe os olhos, saiba que a alma foi entregue e que sem ela, não se pode viver.

Se alguém disser que não és a razão de viver, saiba que já és toda vida...

Se alguém te disser que essa pessoa que quer falar-te sou eu, acreditarias ? E que na vida, não há outra função, se não a de te amar, suportarias ?

Eu te amo

Mostra-me

Me conta do segredo do mel destes olhos,
que habilmente trazem a tranquilidade
de uma maresia e um infinito cromático,
Me conta do segredo das janelas da tua alma,
que através de teus olhos se abrem
como uma manhã descansada

Me conta do segredo desse teu corpo,
desse balanço moreno e cheiroso
Corpo que sua, que se enrosca no meu
faz-me delirar nas noites, chamar-te por teu nome
e querer-te só meu

Me conta dos mistérios de tua alma
da dor passada, que passa e repassa
muitas vezes nos tristonhos olhos teus

Me mostra que posso sarar tuas angústias
beijar-te os olhos molhados
e mostrar-lhe que de assaz dor do que passou,
reajustar-se-á o relógio em um novo tempo que começou

Me conta do segredo do medo de amar que a gente tem
medo de perder a pessoa amada,
se frustrar ou até achar que é cedo para ceder,
difícil para se doar

Deixa eu te mostrar que vale a pena,
que na vida dá-se por raro,
o lindo amor que esperamos por derradeiro
Deixa-me mostrar a delícia de correr o risco,
da magia de fazer um riso nos olhos teus

Sabia que sou tua poeta,
não vale a pena mais esperar
por esse nosso amor que só espera
por esse desabrochar

Sonetilho da Partida

Luz vem... Meu amor, eu tenho medo!
Não me abandone nessa hora
Sinto dor, não sinto meus dedos
Olhe para mim agora

Agarre minha mão, vamos partir
Não chore, eles ficarão bem
Você tem que refletir
Que nosso amor vai além

Além dessa vida passageira
Que num piscar de olhos
Passa ligeira
E leva nossas vidas daqui

Seja forte minha flor,
Eu estou com você
Deixa a lágrima secar, escorrer...

O amor descobriu seu lugar
Feche seus olhos, deixe levar
Que num céu infinito vamos voar

Pele vermelha também chora

Para onde vão Senhor, todos aqueles que lutam pelo penhor da igualdade?
Que lutam pela terra, terra seca e muitas vezes ingrata
Outras diversas, úmidas e traiçoeiras
Que aprenderam a ser assim por serem pisoteadas
Desmatadas, arruinadas, zombadas

Para onde vai Senhor as águas doces
Que num mundo tão escasso são raras
Termos que ser gratos
Pela abundância que ainda banha essa terra

Terra maldita que tira vida dos donos,
Peles vermelhas
Que representam muito mais do que um povo
Uma cultura ou que se faz notar

Povo este que chora verdadeiramente
Pelo Colosso
Povo impávido que alumia esse Brasil

Onde lábaro não dá-se reverência
Onde natureza é aversão
Onde muitos não aspiram a “Paz no futuro e glória no passado”

Para onde vão Senhor, para onde vão ?
Ó Pai, tenha piedade daqueles em que a terra é tirada
Gente crente que morre pela Pátria amada
Tenha piedade Senhor desses únicos,
Peles vermelhas de olhos pardos que não tardam
A ir embora deste mundo

De manhã

Vou alcançar meu maior Dó
Para você me olhar com esses olhinhos
Não ter pena da poeira e pó
Que se esparramam no meu caminho

Pois vou te mostrar que te
Darei meu sangue, meu maior suor
Pra te fazer flutuar
Nesse meu amor maior

Te embebedarei de beijos
Carinhos só o começo
E depois do amor
Te confortarei com meu calor

Dormir até o dia raiar
Ficar na cama te olhando
Até você despertar
Com esses olhos cambaleando

De sono e do amor